domingo, 7 de janeiro de 2024

Madrugada

 Sinto-me só

e o tempo canta, solene em voz de pranto,

Estou só, sozinho, não fossem outros os meus vizinhos,


O sol nasce, e canta o vento, nas fragatas dos dias emancipados,

Que da lua nasceu a madrugada, e o sol nasceu de enfiada,


E vivo, crente em mim, e em pouco mais,


O resto que faço é tão vazio quanto as campas dos meus avós,

Tendo apenas ossos fugazes da putrefação,

Que traz de sua morte as minhas memórias.


Que na minha vida figuram como actores, ou melhor, figuravam,


E nos dias quentes o mar canta,

E nas noites frias todas as estrelas lá de cima me olham,

A madrugada mais escura do meu ser,

Vem de noite, e faço ainda tudo para ver se desta vez,

É ela que me vem a esquecer

A:M

 I feel bewitched,
as though my very soul, besieged,


I feel taken abroad,

from myself,

from myself,

from myself,


Take what's truly me,

and show it unto me,


I want to know myself,

evey, smallest, deepest,

INCH OF MYSELF!


I am not a fraud,


I want to know my deepest,
Scariest,

Shadows, and fears,

I want to, in one blow, kill them all,

Or to drown them in tears,


I want to kill myself,

Only to be reborn, 


Once, and then again,

Times again, and again,

I want to be reborn, unshackled,

Free, not slave, and perpetuated 

Into the deepest, eternal reaches of God,
So that you'll all read me, and be awed. 

Debaixo do manto da lua

 Debaixo da lua,

Num manto,

A lua, nua,

Canto alto, um tanto quanto...


Bêbada, que se esconde, mas dança.


E quando o sol alcança...

O próprio horizonte,

A lua escapa, 
Fica a monte,

Neste nosso monte,

A lua, debaixo duma capa,


Continua a brilhar

O momento cadente

 Há, na batida, cadente, interminável, sincopada, batida

Uma magia, uma música esquecida,

Que, em contra tempo, marca o momento,

Cadenciando,

Recomeçando,

A acabar,

E pára, a meu mando,

Desvelando o manto,

E eu… caio, em pranto,

 

As dores, voltam,

As vozes matam,

As alucinações escoltam,

A surrealidade que montam.

Ningué~m~

 

Ninguém consegue encontrar amor, except tu,

Ninguém será capaz de apaziguar esta dor, excepto tu

Ninguém será capaz de viver contigo, excepto tu

 

A dor que escapa de mim pela respiração,

E adentro de mim volta a entrar, pelo chão,

É de indelével tinta, de eterna e imortal,

Tinta, inapagável, dolorosa tatuagem, em minha pele,

É mais que negra, mais que vazia, vem a cada mutação selene.

 

A vida vai e volta, os ciclos são não mais que infinitos,

Não menos que infinitos,

Eternos,

Repetidos,

E meus olhos, sinceros,

E meu coração despedaçado, feitos, eles também de pedaços,

Apenas sinto dor, outros sentimentos são escassos,

E os momentos do passado, meros…

Dolorosos, mas meros passados.

E nosso destinos descruzados.

sábado, 6 de janeiro de 2024

Espectrologia

 Eu durmo de dia

Virado de cabeça para baixo, no sono

Perdido na minha ideia, do que o mundo seria

E meus cadernos, só eles, de secrecia

E minhas canetas, meu trono


Vôo já de madrugada

Os dias não me dizem nada

E vejo a sociedade sangrar

Como um poeta que não sabe rimar


O que escrevo, imortal

Neste mundo de surrralidade irreal

As opiniões dividem-se... Será?

Como eu, tal como com todos, ninguém há


Fotografo espectros e sombra

E na madrugada sou poeta

Louco, asceta

No sono e no surreal incerto sonho

O disco a girar o ponho

E a girar ele vai

Enquanto o pano cai

O gato, no qual me revejo

Por sangue, sedento, partilhando o meu ensejo

E a porta que por mais que me escondas

Todas as noites a transponho

O gira discos, a girar, lá vai

E então a cortina cai!...

Ainda, apesar, aliás, Ainda...

Ainda, sim, ainda me sinto esquecido, 
Atarantado, mesmerizado, em memórias sem sentido,

Perdido... Perdido,

O vazio deixado para trás,
no passado que esqueço enquanto se desfaz,

Grita e olha-me de volta para os buracos nos meus olhos tristes


Então, quando te vejo e lembro de como sorriste,

Fico absorto, perdido,
Semi-morto, semi-esquecido,
Tentando lembrar

Esquecendo-me de respirar,

Lembrando-me de fumar

As minhas sombras, dançantes,

Talvez se lembrem como era dantes,

As minhas palavras, cantadas,

Guardam na memória, como fotografias nao reveladas,

Os sorrisos, pasmados, mas contentes,


As noites frias, mas quentes,

Tudo isso me leva de volta a ti!