domingo, 3 de maio de 2015

O sonho ( parte 2)

Escrevo sonhando
Espírito-me voando
Os sonhos são como um mar
E obrigatórios quanto respirar
Ondulam docemente
Bruxeleiam de forma demente
E eu... sonho e fujo
Num penhasco de loucura
Me elevo e rujo
E então me perco no sonho
Perco-me na realidade que é como um sonho
E não sei se existe sonhando
Ou se sonho vivendo

sábado, 18 de abril de 2015

O sonho (parte 1)

Há sonhos
Sonhos que ondulam docemente e belos
Sonhos que viajam dentro de mim
Sonhos que ondulam sem fim nem elos

Lentamente no seu fim
Volto a ser eu e alma
Sonho lucidamente e desapegado da realidade
Mas essa teima em voltar
Acordo com calma
Ainda no sonho a pensar
E com vontade de lá voltar


domingo, 5 de abril de 2015

O mundo

Não me tragam ciência
Pois que vivo da eloquência
Inconsciência será pensar
Que este mundo é teu para dar
Ninguém mo dá, dará ou deu
Mas ele é irrevogavelmente meu

terça-feira, 31 de março de 2015

O pergaminho

Corro por linhas ansiosas 
De cabelo desgrenhado
Com todo meu ser enfastiado
Olho raivosamente tua face
E espero que este amor passe

Corro ansiosamente por linhas raivosas
E sinto-me perdido
Encontrado em linhas paralelas
(sem sentido)
Em paisagens belas

Escrevo neste pergaminho
Minha sina e minha vergonha
Minha vida medonha
E meu ser sozinho

Resplandecente de lágrimas
Escrevo sem páginas

quinta-feira, 26 de março de 2015

Running from yourself

Back where you are i am not
To say the least i bring forth
The star of the north
And belzebub himself
And the yeast from the stars
Lika cats under cars
You're running from yourself
You look to the east
But there's nothing there
But the horizon of here
And you look like a beast
As you look to the west
Thump your chest
You're part of parts of the past
And i sail forth holding the mast
I look to the south
And i still feel salt in my mouth

sábado, 21 de março de 2015

O divino dividido e a arte não sentida

Há neste mundo uma estranha sublevação
Aspídes preparam suas cuspídes e atacam
Há neste mundo uma estranha crença na população
As vidas caem no ópio e não se levantarão

Pessoas crêem em algo divino
Mas seu deus é um mentiroso suíno
Há neste mundo um deus em cada céu 
Pessoas não o olham do topo do seu chapéu

Há neste mundo uma estranha mudez
As pessoas perdem o espírito e a mesmeza
Não falam das disfémicas verdades
Perdem-se em ilusões de realidades

Cada falsa realidade é um dogma
A sua veracidade eles rogam

Há em cada música um mudo falando
Escuta-o o surdo não lembrando 
Que seus destinos são criados por si

Bruxeleiam perante mim notas absurdas
Notas que fazem de si mesmas surdas
Não são escutadas nem sentidas
A arte perdeu o sentido de si

As pessoas falam mas não sentem os sons
As pessoas pintam mas não escutam os tons




quarta-feira, 18 de março de 2015

Um sentimento sem palavras

Tão indistintamente me olhas
Tão certamente me vês
E se te sentes então sente-me
E a vida que te sinta

A roleta russa

Jogar à roleta russa com a vida
Jogar por jogar e sem querer saber
Jogar por jogar e sem querer saber....
Jogar à roleta russa não faz nenhuma ferida.

Jogar à roleta russa com a mente bem despida
Jogar por jogar e sem saber porque
Jogar por jogar sem querer saber porque
Jogar à roleta russa com alma bem vestida.

Jogar à roleta russa sem medo de sentir
Jogar à roleta russa sem medo de nada
Jogar à roleta russa sem querer saber de nada
Jogar à roleta russa sem medo de não sentir.

Jogar com vida presa no gatilho
Jogar com a vida.
Jogar.

segunda-feira, 16 de março de 2015

O caronte e o rico

Tu até podes tentar a sorte
Mas eu não sou a morte
E a tua alma ainda não merece transporte

Eu sou o Caronte deste rio
O barqueiro do Estio
Levarei a tua alma nesta barca
Vinda da tua vida que dirás parca

Mas ouve-me agora
Isto que te digo em boa hora
Esta verdade que te digo com toda a seriedade
Aqui não vale nem ouro nem prata
Tens de trazer daquilo que agora te mata
Um sorriso e uma lágrima
Para virares a página
Escreveres um novo capitulo
Mas não estás sozinho
Terás sempre um discípulo
E as dores que trazes da vida (?)
Ocultarei eu com vestes essa ferida



domingo, 15 de março de 2015

a verdade

Por todas as pessoas que existem existe em contrapartida uma verdade
Por todas as seriedades que se escondem nos olhos há uma pequena verdade
Por todos os olhos falsos que existem há uma maior falsidade

Teus olhos são verdadeiros e tua alma perfeita
Olho-te agora com a alma refeita
E penso
Penso...
Como pode alguém ser tão belo
Mesmo com um sorriso amarelo 

Como pode ser que tu sejas tão bela 
E no entanto imperfeita?

Não procuro a perfeição 
Procuro sim a verdade 
Verdade essa que encontro em ti
Verdade escondida quando tu sorris


segunda-feira, 9 de março de 2015

O acordar

Acordo por entre olhos de estranhos
E a divagar me ponho a andar
Lentamente (oh tão... tão lentamente)
Quando algo me toca
Leve (oh ... tão levemente)
Faz de minha alma roca
E suspira no meu respirar
E diz-me ao ouvido
Se quando partires desta 'pa melhor
E deixares o mundo
No teu ultimo
Suspiro
Profundo
'Pra todos um sitio melhor
A tua alma será maior
E esse empréstimo
Que chamas de corpo 
Terá um sorriso mesmo ja morto

quarta-feira, 4 de março de 2015

O injustiçado



Acordei... não sabia onde estava mas a escuridão que me toldava o olhar não me deixava ver o que fosse. Sondei o meu redor à procura de algo… o que descobri era que eu estava deitado em cimento e o tecto, a dois centímetros da minha cabeça, era também ele de cimento. Havia alguma coisa a faiscar à distância. Aproximei-me. Algo me dizia que era a minha culpa que eu estava naquele sitio mas não me lembrava de um passado nem presente nem distante qualquer, era como se ali tivesse nascido. Rolei para os lados a tentar escapar mas havia alguma coisa ao meu lado viscosa. Era um morto … quem, não sabia. As faíscas começaram a iluminar-me o caminho que quanto mais avançava mais estreito se tornava. A vida como eu a conhecia era estranha e soturna a única lembrança que possuía era um sorriso mal escondido na cara de um desconhecido e esse sorriso agora acompanhava-me. As faíscas iluminaram o tecto e pude ler em letras mal escrevinhadas “justiça foi feita”. Então que teria eu feito para morrer num lugar daqueles? A justiça não pode ser unilateral mas tem de ser consensual o que para mim é obvio para outros nem é justificável. Apenas os injustiçados conhecem o verdadeiro poder da justiça e também a sua inevitabilidade.

O meu eu que não sou eu

Eu sou uma pessoa
Nervosa por natureza
Eu e meus assíndetos, aliterações, assonâncias (…)
Eu sou ateu
E escrevo deus em vez de Deus
Porque tanto como se me como se me deu!
Erros ortográficos meus
Criam-nos os meus eus
Que são tantos e tão variados
Que hoje escrevo à Mário Zambujal
… e tal..
E quiçá amanha

Escreva uma escrita que divaga inerte e vaga

O pássaro azul

Cassiel Porto era um homem de larga idade, levava uma triste e solitária vida. Sua casa era pequena, pouco mobilada e solitária. Ele levava a vida na esperança da reforma pois tinha 64 anos embora não o aparentasse por causa de seus olhos tristes e rugas vincadíssimas.
Então chegara mais um dia naquela sua enfastiante vida mas ele acordara com um pássaro cantando dentro de seu quarto. – Mas que raio?
Afugentou o seu pássaro, pois que ele o tornara seu dono, mas ele se recusou a partir. Pousou sob seu ombro e cantou a seu ouvido uma melancolia soturna, uma ode à vida e à morte, uma antítese paradoxal. – Mas que raio?
Então como se nada fosse continuou seu dia mas sempre com o incómodo de seu pássaro que apesar de não gostar se tornava habituado. Aquele incómodo era bastante peculiar e atraia a atenção dos transeuntes que na rua indiscretamente olhavam, alguns riam outros comentavam mas a nenhum escapara aquele pormenor. O pássaro cantava agora feliz abanando as asas, esbracejando diriam alguns, mas a sua melodia tornara-se ainda mais sinistra. Cassiel quase que juraria que o pássaro falava em alguma língua cantada que ainda não havia sido inventada. O vento que se fazia sentir não abalava o pássaro que cantava feliz uma sinfonia sinistra que começava aos ouvidos de Cassiel a zumbir. Apesar de haver mil e um pássaros iguais a este que voavam livres pela rua ele não desistia de seu novo poiso quente e confortável e o seu canto belo mas infeliz fazia-se notar tanto que os moradores daquela rua abriam as janelas e olhavam com espanto e admiração à procura da origem daquela triste melodia.

Depois de uma curta viagem chegou ao seu trabalho mas o seu pássaro não fugia apesar da situação claustrofóbica em que se encontrava. O vagão de piloto de uma carruagem de metro abarrotada de controlos e maquinarias.

Todo o seu dia havia sido cantado por um pássaro que não havia desejado a liberdade mas sim infernizar ainda mais o inferno vivo de um mortal que não o desejava.

Então durante a noite quando ele caíra na inactividade do sono profundo sonhou que o pássaro, aquele belíssimo rouxinol azul, era o fantasma de sua querida Inês que desaparecera de sua vida no dia em haviam ido à ópera ver uma sinistra ópera à qual ele tinha ido vestida de azul e após a qual ela se negara a viver mais com o seu amante.

Foi durante essa mesma noite que o pássaro fugiu mas não sem antes lhe segredar ao ouvido: eu amo-te. Ele acordou sobressaltado pois se apercebera da veracidade de seu sonho e tentou irremediavelmente apanhar o seu pássaro que lhe fugiu por entre os dedos e foi rua fora cantando desta vez uma melodia de amor incompreendido.

De manhã acordou e chorou sem razão a perda de seu incómodo. Levou todo o dia no absorto pensamento de sua amada Inês. As suas saudades voltaram agora que já a havia esquecido, trazidas por aquela nobre ave canora que cantava uma melodia de tristeza e má sorte.

terça-feira, 3 de março de 2015

a alma

  a alma

                                                               Dissipa-se minha alma
                                                            enquanto escrevo neste papel
                                                     tudo em minha volta se desmaterializa
                                          a alma, que e só uma, perde-se no tamanho de um papel
                                                                a poesia que escrevo 
                                                             não pensando mas sentindo
                                                            é alma demais para o papel  
                                                    lanço-lhe fogo e ela desvirtualiza-se
                                                     lá vai... desaparecendo minha alma
                                                          por entre labaredas furiosas

                                                              é assim que um papel 
                                                                    é na verdade
                                                                        alma
                                                                    de um ser
                                                                 que lá vai sendo
                                                        de uma alma que vai penando
                                                               algo que se sente
                  mas nao se vê                         

A inutilidade

                  Inutilidade

A Luz e o Fumo
Encobre-se a Luz, sumo
Continuo a fumar
A minha alma regozija
O cigarro é da minha alma a cornija
E continuo a fumar.

Enquanto o Fumo se me escapa
Filosofo profundamente
Uso e abuso da minha mente
Sendo o Fumo minha capa.
A Filosofia meu chapéu
E as mágoas o que me permite olhar o céu.

Que não me venham com ciências,
Pois que o Mundo é de ironias e eloquências.
Mas a Filosofia já se não usa
E da ciência se abusadamente abusa.

Toda esta sociedade me enoja
E toda ela dificilmente despoja
Do ódio, desprezo e estupidez.
O Mundo é governado por insensatez.

Que se matem os que o destroem,
Que se saúdem os que idealizam;
Que se ajudem os que constroem,

Que se desprezem os que dele abusam.