Depois de me iluminares
Corto a água
carrego madeira
Senta,
Aproveita a madeira
Quebra esse gelo
Corta me com amor,
Em mil e um pedaços
Depois de me iluminares
Corto a água
carrego madeira
Senta,
Aproveita a madeira
Quebra esse gelo
Corta me com amor,
Em mil e um pedaços
minhas lágrimas
Têm gosto de chuva
Também de ti
Nos cheios rios
vejo, espelhado neles,
meus sonhos de nós
No dia, na noite
No nevoeiro vejo,
imagens de ti
Chuvas torrenciais
profetizam-no em mim
o nosso amor
Todas as flores
Têm o teu aroma
Tu és as flores
Vejo em todas
as flores em rebento
meu amor, por ti
De todas as tuas
cores, prefiro-te, em
luzes perfeitas
as tuas luzes,
na primavera, vejo,
com o coração
Todos os dias,
de sol têm, o teu ser,
Só por tu seres
Teu nome está
escritos... em todos os
grãos de areia
és o meu ouro,
de pele perfeita, és
mais do que ouro
és como a luz,
do melhor sol, do verão
mas, impagável
Renascemos nós
A cada dos outonos
Dentro dos ventos
Cada arvore
simboliza pra mim
reencarnação
A cada folha
eu e tu renascemos
ao ela cair
Cada semente
é pra ti e para mim
algo para cuidar
És a montanha,
mais alta, que se pode
vir a escalar
(Para ti, tu sabes quem)
Ai maiiiim
Raios que s'tou farto,
Olho para meu retrato,
farto, ele de cabelo farto,
Rio-me do meu passado,
De minha infância completamente apagado,
Sinto-me capaz de tudo,
Até de alguma sabotagem subtil,
Estou capaz de muito,
Esqueci-me de um til,
Algures, sinto-me mudo
Amordaçado, e capaz de me desamordaçar.
Ou de alguém em necessidade e direito espancar.
A dissonância cognitiva levou-me à demência…
Nem os mais sábios tudo vêm
A morte acontece, não é poética, a poesia vem depois
Todos os livros que abri, abriram-me a mim também.
Se não houver nada… agarro-me à liberdade e à justiça
Talvez, depois, apenas me reste o silêncio
Rodar os dados da vida, só por arriscar por algo melhor…
É melhor que arriscar à roleta russa, contra fantasmas do passado
O medo paralisa… será o medo? Ou o objeto do medo?
O segredo é inefável quando realmente é segredo
Se nada dá certo, faz errado.
Numa noite de vagabundagem, escrevi, escrevinhei e senti, “estou num labirinto de liberdade, mas não consigo sair”
peripéptico
Mata verdade, mata-os!
Não fales…. O silencio tudo revela
Antigamente,
Quando nos aeroportos ainda havia pássaros, e as cidades cheiravam sempre mal:
Sentei-me,
Do meu pacote de bolachas eu tirei, meus bolsos pesados, tantas coisas da viagem, reparei que tinha perdido algumas coisas, pelo que fiquei chateado. Ao pegar no pacote de bolachas alguém se sentou a meu lado; uma mulher, a sua beleza era aquém muitas outras, deixava, simplesmente para trás.
A mulher olhava-me de forma cada vez mais suspeita e aparentemente paranoica...
Perto de acabar o pacote de bolachas, ela olha-me com uns olhos que, se pudessem, tinham, ali naquele momento, me mandado para algum sítio feio. Quase que se ouvia gritantemente : VAI PRO CARALHO! Note-se, isto na Hungria. Ofereci-lhe a ultima bolacha. Ela diz que não.
Ao sair, à distância, olho para trás, e ela tem um pacote igual ao meu, ou não sei onde ela o arranjou...
Penso que ela, tivesse se sentido roubada ali e aqui, mesmo naquele momento, olha-me nos olhos, e me pede desculpa.